sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Presente e näo futuro

Nunca mais o amor puro e perfeito que tu me deste. Nunca mais amar alguém tão deliciosamente errado como tu.
Nunca mais o coração tão leve, a querer saltar-me do peito para ir a correr atrás do teu, os batimentos de ambas perfeitamente sincronizados.
Não mais as tuas palavras de poeta - o nome que não gostavas que te chamasse.
Não mais todos os gestos que tínhamos, todas as brincadeiras que criámos, tudo aquilo que nos definia e que era só nosso. Agora são apenas recordações no vento.
Não mais.
Nunca mais o mistério de quem tu és.
Não mais o tentar adivinhar-te o pensamento, não mais essa caixinha de surpresas que me amarrou a ti com os laços de um amor tão forte. Nunca mais a magia do teu olhar no meu, as palavras a fluir sem voz.
Não mais a tua silhueta colada à minha. Nunca mais o silêncio das nossas tardes onde se dizia tanto sem falar, tentando agarrar o tempo que corria indiferente às saudades. Nunca mais as nossas músicas, os nossos momentos, as nossas memórias. Não mais olhar para ti e sentir-te minha.
Não sei o que o futuro me reserva; não sei se um dia poderei olhar para estas palavras, novamente segura no conforto dos teus braços, e dar graças, porque afinal estava tão errada.
Não sei que surpresas ainda virão.
Mas hoje, hoje vivo na angústia desta ideia:
Tu, não mais.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tunel de som

A minha pequena poesia não chega. As palavras pequenas que conheço não são suficientemente grandes para comportar o que quero, quero novas palavras, palavras inventadas com sabor a cheio, à plenitude do seu significado, ao que me percorre a mente em vocábulos menores. As rimas que construo de forma esforçada são deficientes, insuficientes, queria rimas de sons impossíveis, de palavras inteiras, o poema supremo, onde uma vida toda de emoções seria descrita. É preciso uma nova linguagem, para quem não sabe pintar em cores garridas o que é preciso dizer, ou não consegue arrancar uns sons trémulos e ricocheteados do sentimento a um instrumento, ou para aqueles cuja impossibilidade socialmente incorrecta e comprometedora de gritar as entranhas para fora do corpo é demasiada para poder ser suportada posteriormente. Porque estas palavras já não chegam. Sim, confesso, já não me chegam. Provavelmente não poderei estender esta minha visão a outros, seria ridículo distribuir um abaixo-assinado que ninguém iria apoiar, escrevinhando o seu nome por baixo da minha sugestão. Quem não sabe fazer uma coisa, faz outra. Quem não se expressa das outras formas, usa as palavras, compõe frases, redige sentimentos e opiniões ou conta-os verbalmente. Mas que fazer quando nos assola esta lacuna que me aflige? Não é a ausência, é antes a falta de importância, de significado. Não são suficientemente grandes para expressar tudo o que quero e canalizar ansiedades e desesperos de causa. Gritar, concluo.
Ir pela via do som exagerado parece-me a solução.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Oculta

Está tudo diferente.

As mobílias foram mudadas de lugar.

Já não sei qual é o meu lugar nesta casa.

As pessoas ficaram mais pequenas.

Tornaram-se indiferentes ao meu sorriso.

Procuro-as quando estou sozinha, fecho os olhos e chamo-as.

Mas elas não escutam.

Elas não vêm.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Antes que. . . !

Estou cansada.
Cansada de achar-me
Cansada.
Preciso de descansar!
Não consigo dormir.
Ama-me…
Ama-me antes do sono me levar.
Antes que não me consigas acordar mais.