Perdoar é divino,
Dizem.
Desafia perdoar o que não há.
Desafia o que não tem perdão.
O desafio é perder.
Estou velha.
Velha e cansada.
Já não tenho sangue
Agora, em vez de sangue
São memórias que me correm nas veias
Que se habitam das cicatrizes fundas
Que as entopem.
Memórias a preto e branco
De luas diurnas.
Os cabelos branqueiam a cada solavanco
do ponteiro do relógio que finjo já não ver.
Firmam-me os vincos na face
E a flacidez na pele e aqueles papos nos olhos
Estou velha,
Velha
Demais para perdoar.
Não será pois pelo passado em que me abandonou
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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